...em noites de lábios solitários. gretados pelo frio. mordidos pelo frio. cortados pelo frio. inflamados e ardentes só por causa do frio que os feriu. ruborizados pelo vermelho do cieiro pegado só por causa do frio que os feriu. a culpa é tão somente do frio que os feriu. que rasgou a cinzel os lábios. a sua única companhia. uma escultura fendida nos lábios, difícil de cicatizar. em noites escuras, cegas e perdidas sob os luares semi-cerrados, difusos, apagados, deixados ao relento e esquecidos no asfalto, molhado e tombado e estilhaçado, como a folha caduca*
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Acordei sozinha na minha cama.
O enrugado dos lençóis recorda-me que aqui estiveste, não num sonho, mas na duração dele.
Na minha pele os vergões e as marcas do teu sentimento. A dor convertida em prazer, ou vice-versa, já nem sei. Lembro-me de lhe chamares Amor.
Dizem que o Amor é cor-de-rosa, mas partiste, como fazes todos os dias, vestindo as tuas tuas calças, terminado o teu cigarro, deixando bem claro que desconheces a data da próxima visita.
E mesmo assim chamas-lhe Amor.
Sabes, não aguento mais. Não suporto os intervalos, nem os momentos de espera que apenas fazem funcionar as memórias de ti, e que nem sempre te favorecem.
Não imaginas como o limite está próximo, como todos os confortos que me abraçam, toda a atenção que recebo dos homens que me desejam, são um tão grande nada, se simplesmente não te tiver.
Por isso escuta.
É urgente dar vida ao Amor com que me atrais e atraiçoas ao mesmo tempo, porque ele esmorece e morre se se lançar de um prédio. E com ele, toda a vida em mim, para Sempre.
Preciso de ti.
Da tua,
luísfrancorebello
____________________________________________*que apenas por piedade, sem reverência nem troça, veio cair a meus pés.
seria suposto beijá-la, em jeito de gratidão, mas estou sem lata para cinismos e hipocrisias nem para certo tipo de gestos lamechas. por isso, decidi pisá-las. esgamá-las.
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