quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Rouge, toujours, rouge. La couleur des sens sans contrastes.

.imagem sugestiva e bela.



«Fui convencida por uma equipa jovem que quer mudar a Playboy, que quer falar do corpo de uma forma diferente. Temos uma tendência de separar o corpo do espírito, o corpo das emoções. Nós colocamos o prazer à parte. De certa maneira, reivindicar este tipo de corpo nas páginas da revista é um acto militante».






um entre parêntesis: esta senhora junta-se ao grupo das diáfanas mulheres que um dia serão as cariátides do meu templo. sim, porque apesar de ser quem é, se existe alguém que caiu do olimpo, esse alguém sou eu e as minhas eternas três graças - patrícia, andreia e "la femme fatale, la piu bella prima del mondo " mi "amora" Sofia - S.O.F.I.A... cuja encadeante beleza demiurga inspira o verbo da criação artística - qual clio, qual nike, qual samutrácia alada... porque somos humildes e solidárias semeamos altruísmo neste vomitorium de terráqueas. nos nossos dias-não descemos do altar e com muito esforço,fazemos os possíveis para sermos tão profanas quanto essas pobres coitadas.
mas algo de estranho se passa e não apenas no reino da dinamarca, para nosso azar... mercê do advento do cinema, a concorrência começou a ser forte. reconheço. não me refiro à das stars. porque essas não merecem ser evocadas neste
diuturno etéreo. escrevo sobre as verdadeiras senhoras do cinema. as que ainda respiram e aspiram chegar aos meus/nossos ombros.e são senhoras por essa razão. porque me/nos dão luta. o pior é que essas senhoras são belas. belíssimas. senhoras cuja beleza fascinante lhes confere também uma graça mitificada como a das minhas três graças, ainda que menor, ainda que profana. portanto, concedendo-lhes um lugar de apreço e de grande estima, sugiro o de cariátides portentosas. sutentáculos do meu/nosso templo.
as senhoras eleitas não poderão ser muitas dada a criteriosa exigência de qualidade que se requer para ser cariátide de um templo sagrado. do nosso templo sagrado. juliette binoche é uma dessas senhoras. uma dessas actrizes que me faz correr à sala de cinema mais próxima só para a contemplar.
independemente da história. independente do realizador. independentemente do filme. independemente de tudo. adoro todos os filmes em que participa. todinhos. reverência lhe seja feita. adoro esta mulher. tão boa como ela só: charlotte rempling e charlotte gainsbourg, melhor do que ela só a minha isabelle huppert e a outra, por razões óbvias... não digo! que zeus as conserve!

sábado, 27 de outubro de 2007

Alucinação ou estado de demência: "dançando 'lombada' eh, dançando 'lombada' lah... dançando"

.uma lombalgia por dia, nem sabe o bem que lhe fazia.

Declaram-se de barriguinha cheia:



A laranja causa aftas.
Ainda assim, prefiro degustar a sua dilacerante acidez.
Com caroços e tudo. Completa.
Servida com casca, fios e película branca que lhe envolve a polpa.Vitaminada.
Detesto laranja doce. Docinha.
De casca fofa. Fofinha.
Que sai facilmente.
Não gosto.
Gosto da casca rija, difícil de sair. Para ser dificilmente descascada.
Docinha? Não, por favor!
Não gosto.



Este fruto, sim! Prefiro que seja doce. Docinho.
Mas que seja bem rijo. Rijinho, também. Para que me salpique quando lhe ferro os dentes na pele.
-"ckrunschhh"!-

Gosto da categoria "starking" - um king que é star cai sempre bem no palato!
Gosto da doçura, suculência, cor e aparência.
A de Alcobaça, de preferência.
Há que saber valorizar a fruta nacional.
Porque o que é nacional, não é bom, é muito bom.
"Ckrunsh"! Vai uma dentada?
Que doce tentação, uma simples, nutritiva e inofensiva maçã!

(à boca da noite laranja se fez. gota talvez.)


Laranja, peso, potência.
Que se finca, se apoia, delicadeza, fria abundância.
A matéria pensa. As madeiras
incham, dão luz. Apuram tão leve açúcar,
tal golpe na língua. Espaço lunado onde a laranja
recebe soberania.
E por anéis de carne artesiana o ouro sobe à cabeça.
A ferida que a gente é: de mundo
e invenção. Laranja
assombrosamente.
Doce demência, arrancada à monstruosa
inocência da terra.

Herberto Helder, in Colher na boca


Alguém parte uma laranja em silêncio, à entrada
de noites fabulosas.
Mergulha os polegares até onde a laranja
pensa velozmente, e se desenvolve, e aniquila, e depois
renasce. Alguém descasca uma pera, come
um bago de uva, devota-se
aos frutos. E eu faço uma canção arguta
para entender.
Inclino-me para as mãos ocupadas, as bocas,
as línguas que devoram pela atenção dentro.
Eu queria saber como se acrescenta assim
a fábula das noites. Como o silêncio
se engrandece, ou se transforma com as coisas. Escrevo
uma canção para ser inteligente dos frutos
na língua, por canais subtis, até
uma emoção escura.

Porque o amor também recolhe as cascas
e o mover dos dedos
e a suspensão da boca sobre o gosto
confuso. Também o amor se coloca às portas
das noites ferozes
e procura entender como ela imaginam seu
poder estrangeiro.
Aniquilar os frutos para saber, contra
a paixão do gosto, que a terra trabalha a sua
solidão- é devotar-se,
esgotar a amada, para ver como o amor
trabalha na sua loucura.

Uma canção de agora dirá que as noites
esmagam
o coração. Dirá que o amor aproxima
a eternidade, ou que o gosto
revela os ritmos diuturnos, os segredos
da escuridão
Porque é com nomes que alguém sabe
onde estar um corpo
por uma ideia, onde um pensamento
faz a vez da língua
- É com as vozes que o silêncio ganha.

Herberto Helder, in Teoria Sentada II-lugar



Nesta laranja encontro aquele repouso frio
e intenso que conheço
como um dom impossuído.
Do outro terá a luz interior, terá
a graça desconhecida daquilo que mal pousa
na mesa, no mundo.
- Passar nocturno da água que o sangue
mudamente imita. Ilha cercada
de todos os lados
por uma inumerável, inominável
sede humana.
Esta laranja lembra-me uma alta solidão
que nem pode ser nossa, de tão pura. Lembra-me
ainda
uma urna fechada como gelo,
onde o ardor da criação guardado devagar se inspirasse
numa fonte oculta. Onde
os veios amarelos, batidos ao longo do silêncio
pelas pequenas espadas dos raios,
se movessem,
quem sabe até que inapercebido, louco,
tão vivo coração de poema. Laranja
com facas e garfos em volta, ainda recebendo
gota a gota a sua árvore - laranjeira de espírito
desconhecido, irmão
de chuva, irmão de uma noite vagarosamente
purificada. Laranja
encontrada entre dois momentos inimigos, ao meio
como um grito
que bate em cheio entre os ossos e as veias
fulminadas. Doada à poesia que esperava,
entre a rigorosa visão e a experiência
desmedida da carne.
Se a mão se atreve pela confluída laranja,
sobe ao ombro o puro sentimento
de ligação ao mundo. São as manhãs impossíveis
da terra, o subjacente e livre fogo
da noite, as águas a urdir
o peixe que vai nadando até se consumar em lento
lírio.
Cerraria sobre esta laranja que aparta a inocência
da treva
daquilo que o espírito calou como luz indivisa -
sobre ela cerraria a boca,
como se a sepultara num silêncio plantado
de muitas presenças fortes
como sal.
- Talvez todo o enigma materno me fosse dado
de inspiração
através da língua, por confusos orgãos, a todo um corpo
tenso e apto aos segredos e às
delicadas subtilezas da terra.
Talvez esta laranja me dotasse de uma atenção
vertiginosa,
e tudo fosse entrando como sabedoria pelo corpo evocativo,
e cada gesto fosse depois
a íntima unidade deste Poema com as coisas.
Laranja
apaixonadamente

Herberto Helder, in poema VI

Sob o tecto do david, refastelada no puff indigo, com os pés sobre a mesa de madeira e uma chávenazona de café forte submerso em leite condensado





adverte-me o meu querido irmão para o meu terrível preconceito de julgar tudo e todos pelas palavras, aparências, e/ou comportamentos (david então resta-me o quê..., baseio-me em quê para poder opinar*?!!?...). disse-me que me fica muito mal... okay, talvez até tenha razão. prometo nunca mais julgar o conteúdo de uma revista pela capa. palavra de lara!

.sem figas.
.prometo!.



[ sim..., esta menina é gira... e boa,
e coitadinha, e podre de rica, e pindérica, e irritante, e fútil, e entediante, e estúpida, estúpida, estúpida, e muito, muito, loira também, e burra, e burra, burra, burra, por mais que tente não consegue ascender à categoria de pin up, muito vulgar... muito "inha";
- a revista é soberba: www.interviewmagazine.com]

*eufemismo de "cortar" . termo muito feio para ser posto em prática na presença do meu irmão. beija-flor entende-me: sentido crítico e "cortar" são sinónimos:)







sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Passados cinco [5] meses...


foram precisos cinco meses para "esboçar", a técnica mista..., "isto" [?]. interrogo-me.

mas afinal, o que é "isto"...?
na realidade, o que é "isto"...?
nada mais do que... "isto".

.a antecipação de uma vanguarda? o prenúncio de um movimento artístico?. o que é "isto"?.


sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Simulacros ou "duas mentiras convenientes"





primeiro as senhoras: fátima, que é nossa e é milagreira;


depois os senhores: gore, que é deles e é nobel;




.que venha, então, o diabo e escolha.




quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Momento raro de subtil inspiração:






... de grotesco e de apolíneo todos temos um bocadíneo...




Afterimage

Disparou. Tocou. de raspão. quem. Alguém. «foi*».

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