segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

"...ou seja: o homem das sociedades patriarcais não considerava a mulher como um ser inferior; tentava controlá-la porque a sentia sacralmente perigosa e tinha medo dela. É muito desse medo, real ou apenas literário, que vamos encontrar na Idade Média europeia, cadinho onde se fundiram as tradições mediterrânicas de teor mais virado ao culto da Deusa-mãe (apesar de alguns «irredutíveis» patriarcais), com influências célticas onde os dois princípios se tentavam hermonizar, germânicas, de forte ascendência do homem, e cristã.

Culta ou (preferencialmente) ignorante, a mulher medieval apenas tinha um contacto com o sagrado, aceite pela Igreja, quando se retirava do mundo para se encerrar dentro dos muros de um coonvento e aí orar pela salvação das almas, a começar pela sua. Ou quando levavam ainda mais longe este tipo de renúncia, isolando-se num qualquer deserto longe da sociedade, ou tornando-se reclusas dentro de uma pequena casa apenas tinha uma abertura por onde recebiam o seu magro sustento diário, forma de os comuns mortais, e pecadores, se redimirem um pouco e procurarem alguma benevolência divina quando chegassem à Sua presença. Eramm as «emparedadas», comuns durante boa parte da medievalidade, inclusivamente no território português.

Mas a História Sagrada e as histórias demonstravam que, se a mulher não era um ser maléfico, cedia mais facilmente aos ataques do Maligno. Era enganada com mais facilidade, já que, ou apresentava uma maior ingenuidade, ou cedia mais facilmente às promessas ou bajulações. E, depois, era o instrumento perfeito para o Marrafico tentar os homens, que geralmente não resistiam aos seus encantos e aos pedidos das mulheres. Por isso havia mais feiticeiras do que feiticeiros, o lado negativo do sagrado feminino.

Não é que as mulheres fossem, por natureza, maléficas e, por isso mesmo, suspeitas de feitiçaria. Mas porque mais facilmente podia cair em tentação. E isso estava provocado pelo facto do Demónio não ter ido tentar Adão, mas tê-lo feito desobedecer a Deus através da influência da sua mulher, Eva*.

Concluindo:

O homem medieval queria a mulher submissa e temente a Deus, ou então a Ele completamente dedicada, nos conventos, ou perseguia aquelas que julgava estarem sob acção de Lúcifer, em grande parte porque não tinha confiança na sua própria vontade!..."

*contudo, o Demo mudou de ideia quando, segundo nos conta o Novo Testamento, foi tentar Cristo de forma directa e não através de Maria Madalena...


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Disparou. Tocou. de raspão. quem. Alguém. «foi*».

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